Por educação estamos tratando do ato de educar, orientar, acompanhar, nortear, mas também o de trazer de "dentro para fora" as potencialidades do indivíduo. Embora essa nobre tarefa seja levada em frente quase sempre em casa, algumas vezes no trabalho, muitas vezes entre amigos, queremos nos cingir aquela que é institucionalizada, na escola ou em projetos de educação. Destacamos a atividade que o estado ou a iniciativa privada desenvolvem, como ato voluntário, com crianças, jovens e adultos no sentido de sua formação na prática social para a cidadania - entendida esta como a aquisição de direitos e deveres por todos os membros da sociedade.
O que se pretende aqui é a aproximação a um paradigma de educação que dê formação ao cidadão tornando-o "capaz de conceber e construir sua emancipação político-econômica". Na escola, ele conheceria e vivenciaria o espaço e o tempo necessários à concepção e à construção de sua cidadania, aprendendo e apreendendo "conteúdos e conhecimentos", como também vivenciando "valores e sentimentos". Na sociedade, ele poria em ação a sua consciência crítica, sua reflexão relacional, sua criatividade despertada, sua conduta libertária, ampliando seu espaço de entendimento e renovando seu tempo de ação.
Por produção se quer dar o sentido da construção ou fabricação dos meios e instrumentos necessários à sobrevivência da própria sociedade. Produção material de bens, serviços e tecnologia, produção cultural de arte e ciência, produção intelectual de idéias, pensamentos, símbolos e signos, entre outras formas possíveis de produção. Não se quer dar aqui uma hierarquia dos tipos de produção, apenas lembrar que, na sociedade moderna, portanto capitalista, a produção material tem precedência no sentido de viabilizar o poder hegemônico de grupos e classes sociais, muito embora ela seja reforçada pelas relações que estabelece pelo menos com as produções cultural e intelectual.
Interessa por agora reter a compreensão de que a produção material mantém relações determinantes e determinadas com as produções cultural e intelectual. Enquanto as formas de produção possam diferir em tempo e espaço, principalmente na maneira como são organizadas e estabelecem suas determinações, elas mantém em comum o esforço e o objetivo de estarem sempre se reproduzindo, se renovando, se modernizando de acordo com os princípios e fundamentos do tipo dominante da produção social.
Por conhecimento procura-se dar conta das formas mais elementares até as mais complexas de entendimento da realidade (natureza) externa e interna ao indivíduo, colocadas à disposição da humanidade pela história dos povos e das idéias. O conceito é amplo o suficiente para acomodar não só o saber intuitivo, comumente usado em sua integralidade pelos indivíduos sem instrução formal elementar, mas também o conhecimento técnico- científico, elaborado por postulados e teorias metodologicamente sistematizados.
Assim, cobre-se desde o saber popular, cujo poder de permanência e validação entre os indivíduos vem de sua importância na resolução satisfatória dos problemas colocados no dia-a-dia, até o pensamento científico de uma ou outra escola científica, que tem o poder institucionalizado pela representatividade de seus membros na Academia. A relação entre saber, conhecimento e poder é ressaltada no conceito de conhecimento aqui apresentado porque a dimensão política também presente na categoria deve ser recuperada para expressar o mais próximo possível a luta pela posse das informações entre grupos e indivíduos na sociedade.